segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Rosa Momo George Floyd

 

    Faz tempo não posto sobre filmes, mas assisti um que me motivou: Rosa e Momo, italiano de 2020, com atriz Sofia Loren como Rosa, sobrevivente de Auschwitz, antiga prostituta e agora envelhecida, cuida dos filhos de outras mulheres para que possam trabalhar na noite.

    O que faz o filme ter conotação interessante é o garoto Momo, de doze ou treze de idade, senegalês que vai morar com Rosa e aos poucos, com os dois conflitando na relação cotidiana, a sombra do passado ameaça. Muito lindo como o menino vai engrandecendo como personagem, naquele pedaço da Itália modificado pela migração, e que exige reflexão social. 

    O menino e a rua, a vivência da vida vem desse território, o que encanta é o garoto ter personalidade capaz de lutar por uma vida de afeto. Isso nos move no filme, a cada momento o afeto sendo portador de boas novas na vida de uma criança em busca de esperança.

    Quanto a Rosa, as sombras a encobrem também e Sofia Loren traz para nós a firmeza de mãe, autoridade, o desejo de compartilhar solidariedade. 

    Vou parar por aqui, afinal o filme é de 2020 e merece que cada um tenha a própria interpretação. O filme me emocionou do início ao fim. Ver Sofia Loren atuante, a questão do envelhecimento traz outro efeito, uma outra nuance.

    Adorei ouvir a canção na voz rouca da nossa querida Elza Soares, mas não vi créditos. O diretor é  filho da atriz e a história retirada de livro.

    Aconteceu de em outro dia assistir filme com ela, de 1955, a comédia Pão, amor e ... a vida se encontra não importa a idade. São bons contrapontos para análise do envelhecer.

    E outro além, num momento em que Brasil e em outros lugares, a questão da cor é ainda objeto de preconceito (existente desde chegada dos invasores) e mostra o país escravocrata que ainda somos. Rosa traz no bojo o que vivenciou nos tempos nazistas. Um período que não pôde esquecer. Um tempo de cegueira coletiva.

    A cultura é assim, nos mantêm com luzes do raciocínio em alerta e exige tomada de atitude. Não temos George Floyd, temos milhares de Georges Floyds.   

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