domingo, 9 de junho de 2013

AMOR DE ARTISTA

   

    Esqueci de comentar que também vi Os amores de Picasso, filme de 96, com Anthony Hopkins, Julianne Moore dentre outros. Não lembrava que já o tinha visto, e no decorrer das cenas foi-se tornando claras as lembranças. Nada de amores verdadeiros; seu único e verdadeiro amor foi a pintura para qual deslocava toda a energia criadora; as mulheres serviam, ao que parece, como musas para iniciais inspirações que aos poucos se esvaiam e eram trocadas.

   Sujeito excêntrico; com muitas manias; sovina; carinhoso e logo depois, rude e agressivo; instável nos amores, via as mulheres como objeto que servia à sua arte e a ele sem questionamentos, passivamente. Dizia que preferia as menos inteligentes, pois assim não questionavam suas ordens. E ele conseguiu fazer delas receptáculos de seus desejos. Ao que parece apenas Françoise Gilot conseguiu escapar de suas garras e constituir-se como pessoa independente.

   Sujeito contraditório; de um lado atuante da esquerda, filiado ao partido comunista até o fim de seus dias, por outro, tratava os empregados de forma exploradora, mas conseguia cativar quando era de interesse. Lembro que li um artigo que entre ele e Gertrude Stein (anos 20/geração perdida) houve muito quiprocó, sendo os dois narcisistas de primeira linha, batiam de frente e não aceitavam que um se sobressaísse ao outro. Ele chegou a pintar quadro dela (que ela destestou!). 

   Os gênios são pessoas complexas e que fascinam onde são verdadeiros; na arte, e na arte cubista consagrou-se em toda sua potência. Interessante filme para quem gosta de conhecer o sujeito incrustado no artista, porque querendo ou não, sempre há contradição.

   Gostei muito do filme no sentido da possibilidade de leitura da personalidade do pintor retratada nas cenas de seu cotidiano. Aos setenta e quatro anos, lá estava ele iniciando nova relação amorosa. 

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