terça-feira, 1 de dezembro de 2015

PALPITANDO A VIDA ALHEIA

   

   É tão estranho o que está me acontecendo atualmente. Filho palpitando o que devo ou não fazer da minha vida. Eu com meus quase sessenta completados e tendo que escutar outras pessoas dando palpite sobre o que devo ou não fazer.

   Quando eu era jovem, meus pais decidiam o que era bom para mim, agora na velhice, os filhos se arvoram a saber o que é melhor. Credo! Será que a pessoa nunca vai poder decidir por si própria, sem intromissões. Que coisa mais chata. Me senti uma adolescente sem capacidade para direcionar os projetos de vida, ainda perdida no arsenal de possibilidades que os olhares e os desejos juvenis fazem com a gente. Como se precisasse de orientação sobre desejos mirabolantes e que na atual conjuntura não se adequassem. Assustei. Será que é isso envelhecer? Pessoas dando pitaco porque a fragilidade começa a assombrar o caminho?

   É tanto achismo: eu acho que você deve fazer isso... deve fazer aquilo... ou aquilo outro... Não, não dá para ficar escutando e ficar calada, não dá. O jeito é tomar uma atitude radical e colocar-se no lugar de poder sobre a própria vida. Já pensou quando e se chegar os setenta, oitenta, ... Que vai chegar um tempo de esquecimento, de fragilidade acima do normal, de impotência, vai, mas não tão cedo. Principalmente nos tempos atuais em que os velhos andam tão independentes (claro, aqueles que preservam a saúde num grau adequado e levam vida dinâmica).

   Temos ótima relação, todos os assuntos estão em pauta, vida, morte, dinheiro, cuidados, atitude pessoal, velhice, é, a velhice precisa ser tratada desde sempre para pontuar até onde vai a liberdade do idoso e o papel dos filhos, como responsáveis. Vida é troca, os pais cuidam dos filhos e é obrigação dos filhos cuidarem de seus pais. Via dupla. Mas o tiro parece estar saindo pela culatra?... espero que não. Talvez tenha sido leve preocupação, ou talvez, ponderações. Vai ver é isso.

   Na minha vida mando eu. Depois de anos de luta pela liberdade de gênero, vem agora os cabelos brancos (tingidos!) como desculpa de que "você não sabe o que faz"... faça-me o favor 

   me deixe voar, agora que chego aos sessenta tenho todo o direito de fazer o que quiser, e gritar bem alto. E sem ninguém pipocando isso, aquilo...

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