segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A DELICADA FRAGILIDADE DO SER

   
   Estou "capenga" ainda hoje. Na sexta a noite tivemos que levar o filho numa emergência hospitalar... o maxilar sofreu uma luxação (o famoso - queixo caído) e ele apareceu abruptamente na porta do quarto, sem conseguir articular palavra, com dor terrível. E ficamos até as seis da manhã aguardando atendimento. O hospital do plano de saúde foi incompetente, não tinha o profissional da área, apenas medicou para diminuição da dor. Encaminhou-nos ao sistema público, onde têm todas as especialidades. Ficaram na administração de medicamentos enquanto aguardávamos a chegada do especialista, o que parece ter sortido efeito. O médico não chegou. Quase de manhãzinha, simplesmente, o queixo voltou para o lugar. Nem acreditamos. A musculatura deve ter relaxado.O médico de plantão nos liberou, pois quando o queixo retorna já não existe dor. Agora fica é medo de abrir a boca demais e ...

   Lá vou eu dormir sete horas da manhã. E estou assim, "capenga" desde então. Os sessenta agregando valores as noites mal dormidas. Ainda sinto que preciso descansar e mesmo descansando, o corpo se esgueirando para a preguiça, o cansaço, a malemolência, claro, por necessária causa, mas como os anos vão sendo ingratos com a gente.

   Eu nesse sufoco todo, mas sufocante mesmo era a urgência médica, com problemas piores, como vítima de agressão, de acidente de trânsito, ..., a madrugada andou braba por aquele hospital geral.

   Agora que passou, aliviada por tudo ter chegado aos eixos, consegui sentar na frente do computer, ainda na moleza, o corpo a demorar responder aos esquemas de descanso. Eu que não acreditava. Vivencio.

   Fico imaginando a atriz Marília Pêra, que faleceu esta noite, de câncer de pulmão, a perda da energia se esvaindo entre as mãos. Mesmo no seu dinamismo, era visível a fragilidade em cena. Foi-se uma de minhas atrizes preferidas. Tem uma frase que ela disse num programa "eu sou adepta da esperança com humor." Conseguiu, pela arte, transformar o nosso cotidiano em cores divertidas. As personagens que eu mais gostava era onde o popular se expressava caricato. Atriz da minha infância, mocidade, fase adulta, velhice... a fragilidade vai dando o tom até minha vez de ir...

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