sábado, 5 de março de 2016

QUERER GRITAR!

   

   Agora estou dando para recitar poemas em voz alta, quem sabe assim imiscui em mim labaredas de inspiração, quem sabe eu remoce mais e mais e mais; quem o poderá admitir se eu mesmo ando tonta, querendo explicações por momentos de total impossibilidade de criação.

   Mesmo na minha simples e possível poesia, ando feito um dândi perdido, elucubrado em si mesmo e que não acha veias voláteis para a iniciação decolar. Ando desfalcada de "insights". Tanto que presumo  ter encontrado o livro certo para reverberar a minha necessidade de gritar ao mundo a minha insatisfação.

   Estou relendo os poemas de Charles BAUDELAIRE, As Flores do Mal. Tradução de Ivan Junqueira, em edição bilíngue, adquiri o livro em 2006 e somente agora encontro o trânsito interno propenso a entender os dizeres do famoso poeta francês, precursor do poema moderno. Então, dez anos depois, Baudelaire sai do armário e seu povoado de tempo, inferno, morte, vem encantando o meu jardim com suas rajadas de simbólico, de realista, e até mesmo de surrealismo.

   Não bastasse, adotei um companheiro a ele, sonetos de Gregório de Matos, na obra Lyrica, editada em 12 de novembro de 1923, que teimava ficar ancorada na mesinha onde estão as obras a serem lidas. Iniciada também a tempos atrás, dei com um marcador numa de suas páginas ao fazer pesquisa no livro após um poema enviado pelo professor de literatura. Pois, então, o poeta barroco, alcunhado de "Boca do Inferno" com sua satírica pregação. Um poeta brasileiro, baiano, do século XVII, destoando de Baudelaire, do século XIX, francês, vamos ver onde chegar. Ambos autênticos em sua poesia, sem se preocupar com a censura do ambiente social em que viviam.

   Ando gostando de exercitar a voz alta, tantos silêncios andam contaminando minha existência, atípica a tais comportamentos. Voilá! 

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