segunda-feira, 20 de junho de 2016

CENTO E VINTE ANOS... DÁ PRA CHEGAR?

   

   Vi no Face que o INSS parou de pagar a pensão de uma senhora porque imaginou que uma pessoa naquela idade não estivesse viva. A senhora têm 120 anos, dá para acreditar? E isso aqui no Brasil. Até recomendaram a família mostrar documentação ao guinness book.

   Já pensou viver 120 anos? É o dobro do que venho tanto comemorando, os sessenta. "Putzgrila" é tempo pra "dedeú". Nem sei como pode ser viver tanto. Ver os amigos partirem, os conhecidos e até mesmo os filhos, como no caso dela. Claro não se pensa nisso. Vivendo vai.

   Como diz  Guimarães Rosa:

"...A muita coragem... Se carece de ter muita coragem..." 

"Porque, viver é muito perigoso..." 

"Se amanhã meu dia for, em depois-d'amanhã não me vejo." 

"Teu destino dando em data, da meia-noite tu vivente não passa..." (Grande Sertão Veredas).

   E com falas tão recheadas das verdades, quero crer que essa proeza foi conseguida por ser ela do meio rural. Num dá para chegar aí vivente em cidade grande, poluída, estressante, apinhada de ansiedades e cobranças. Difícil. Tudo quanto é gente, hoje em dia, que vive nessa agonia de cidade grande, traz no âmago uma consequência do viver o caos de uma metrópole.

   Não é à toa que a cada dia mais e mais pessoas exigem qualidade de vida. Principalmente a proporcionada por políticas públicas de saúde, essencial a população que envelhece e está refém de um estado que ainda não percebeu que vem fazendo pouco pelo direito primordial, a saúde. A senhora conseguiu provar que viva está só depois de obrigada a viajar mais de 200 km. 

   O importante, ainda citando Guimarães Rosa:

"Tem cisma não. Pensa para diante. Comprar ou vender, às vezes, são as ações que são as quais iguais..."

   Fiquei entusiasmada que terminei de ler o livro do Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas (finalmente!... desde 2012 venho lendo http://aposentadativa.blogspot.com.br/2012/04/pausas.html) e descambei a citar sua prosa sertaneja, como deve ser a da senhora de 120 anos (agora já mais fraquinha pelo passar dos anos). 

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