quinta-feira, 13 de abril de 2017

ANOS 50, TEMPO EM QUE NASCI

   O filme Brooklyn, do diretor John Crowley, de 2016, é um desses que a gente gosta tanto porque faz voltar no tempo. Relembrar o jeito da sociedade em lidar com a vida, como vêm representado o amor, a moda, a forma de falar, a educação familiar e exigências sociais e, ainda, os pecados, a fofoca entre eles.

   Este filme retrata os anos cinquenta na então Irlanda, terra do famoso escritor James Joyce.  Uma mocinha iniciando sua vida profissional e na cidade não encontra espaço. A irmã mais velha consegue que ela vá para os Estados Unidos, morar no Brooklyn, trabalhar numa famosa loja de roupas, emprego conseguido através de um religioso conterrâneo e, estudar escrituração.

   A ida é bem interessante. Ver o navio antigo e a dificuldade durante o trajeto, para quem não está na primeira classe. Inocente, alimenta-se logo que chega ao navio e a consequência, enjoos e vômitos intermitentes toda a noite. O balanço do navio tem o lado cruel. Com auxílio da colega de cabine aprende cuidados para chegar bem até o final, o macete é estômago completamente vazio e as dicas para acesso ao banheiro, dividido com outra cabine. Essa colega de bordo, também irlandesa, arrepende-se de ter voltado devido ao atraso daquela comunidade em relação ao primeiro mundo.

   É muito legal ver a personagem aprendendo com a vida, a cada experiência, vai adotando o que considera adequado à sua visão de mundo e valores recebidos. Mora numa pensão e no convívio com as moças inicia os passos ao amor, bailes, cinema, trato com clientes da loja, estudos etc. 

   Num baile conhece um rapaz que observava ela aprendendo a dançar. Começa o envolvimento, bastante recatado. É lindo ver o casal enfronhando no jogo amoroso, as iniciativas, os senões, pouco a pouco a paixão domina a cena. Eu gostei da personagem da mocinha, mas me encantei foi com o rapaz, personagem do ator Emory Cohen. Que lindo, o jeitinho dele me fez associar ao James Dean. Achei ele perfeito no papel, o andar, o vestir-se, o movimento do corpo, o rosto ingênuo, o olhar sedutor, o cavalheirismo. Ele é bombeiro hidráulico e quando se encontram fica contando as peripécias entre encanamentos e esgoto de  dejetos humanos. Tem descendência italiana.

   Após estar adaptada, feliz com o namoro, recebe a notícia que a irmã veio a falecer, deixando a mãe sozinha. Ela viaja para lá, mas antes se casa com o namorado, um segredo dos dois. No local tinha um outro casal de origem irlandesa se casando também.

   O retorno à cidade natal deslancha a ação, ela amadurecida vai ganhando a confiança do povoado, substituindo a irmã no emprego, na vida social encontra as amigas e elas lhe apresentam um rapaz de família abastada, vai à praia com maiô da moda, diferente do costume local, ainda conservador. O envolvimento vai lhe tomando os pensamentos, atos e vê-se dividida entre os estilos de vida. 

   Até que uma bisbilhoteira lhe diz conhecer o segredo. Ela finalmente tem claro que aquele lugar atrasado não lhe pertence. Diz para a mãe que já é casada e precisa retornar. No navio encontra uma marinheira de primeira viagem, indo morar no Brooklyn; ela faz o papel da antiga colega de bordo passando as orientações para sobrevivência.

   O filme termina com ela esperando pelo marido após o trabalho. Ele gostava de esperar por ela do mesmo jeito. É lindo ver os dois jovens se reencontrando e sentindo que o outro é a pessoa mais importante do mundo. Amei o roteiro, história do livro do escritor Colm Tóibin.      

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