terça-feira, 12 de dezembro de 2017

BONANÇA COM A LEITURA


   Bastante tempo não posto novidades. Estão rareando. A gente se torna tão seletiva que poucas coisas se tornam excepcionais. Característica de quem passou da idade. Os tempos se servem de maturidade demais.

   É até chato. Maturidade. Porque se associa tal característica, fundamental ao processo do tornar-se adulto, a seriedade, compenetração, responsabilidade exagerada, não cometer deslizes. Que tolice! Agindo assim o que se perde, além da juventude, é espontaneidade, o que realmente é uma pena. É bom ser natural, se abrir sem medo e resistência.

   É mais fácil escrever do que exercitar. Essa é a verdade. Situações vão te pegando pelo cabelo (apesar de curtíssimo ou mesmo sem ele) e quando se vê, o redemoinho do cotidiano te puxa acima e abaixo, subindo e descendo montanha. Sem pausa para descanso e reflexão. E olha que nem força se tem para isso. Quem tem a idade se reconhece.

   Bem, depois da expiação a bonança. Tenho lido excelentes livros no pouco tempo que resta durante a semana. Um dos que me tomou o juízo, de nem conseguir fechar para outras atividades, foi KINDRED Laços de Sangue, da escritora norte-americana Octavia E. Butler, , Editora Morro Branco, 2017. Considerada a grande dama da ficção científica. A leveza da escrita faz que a gente sinta a personagem principal e caminhe junto com ela em todo processo. A personagem é negra e volta no tempo onde o processo de escravidão está vivo e acompanha o horror das atrocidades. Apesar das dores, a personagem transmite esperança, tem consciência de seus direitos, o empoderamento feminino presente, etc. Em dois dias terminei a leitura. Cada escritor tem seu estilo, mas o jeito de escrever dela me fez associar ao livro O Velho e o Mar, do Hemingway. Nenhum rebuscamento de linguagem, sem excessos e direto ao que interessa. 

   Deliciosa experiência. E ainda, a dica da escritora: "Primeiro, esqueça inspiração. Hábito é algo mais confiável. Ele irá sustentá-lo, caso esteja inspirado, ou não. Irá ajudá-lo a terminar e polir suas histórias. Inspiração, não. Hábito é a persistência na prática." (pág.436).      

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