quarta-feira, 28 de março de 2018

MIRANDO ALVO: VOCÊ

   Os últimos dias foram instigantes quanto ao que empresas digitais conseguem com apenas um clique do usuário da rede. Resultado: dados pessoais compartilhados para quem der melhor preço.

   Quando se pensa que o livro de George Orwell, 1984, virou conto da carochinha, de tão ingênuo para dias atuais, é que se percebe que a tecnologia pode se tornar extrema inimiga do homem quando mal utilizada por aqueles sem escrúpulos, com fim último de moldar pensamento de cada um.

   Através do simples bate-papo na rede, a gente achando ótimo ter contato com amigos distantes no tempo e, agora, presentes no dia a dia das redes sociais, enquanto isso, as experts utilizam processos quantitativos e qualitativos do conteúdo a fim de servir interesses diversos (na maioria, que não são os nossos). Extraem dados estratégicos para uso eleitoral, peneiram itens importantes para uso de mercado, incentivam uso de produto com constante e massiva propaganda, dizem o que você deve dizer —  assustado? É isso mesmo, você faz tudo sem ao menos questionar. Robô nato fabricado para atender a determinada classe social, econômica, política.

   Seres sem autonomia, sem vontade própria, sem liberdade. No que nos transformamos em pleno século XXI. Lembra da educação bancária que recebíamos nos anos da ditadura, está voltando (ou na verdade, sempre esteve na moita). Pior ainda, abarca todas as mídias com assuntos que convêm a tantos interesses que a gente, ingênuo cidadão sem consciência crítica, é fisgado que nem peixe em anzolfacinho, facinho, assim. A tecnologia está como a educação bancária. A gente somente vê o que eles querem a que gente veja. A gente somente consome o que eles decidem que a gente deve consumir, a gente vota em quem eles exigem que a gente vote. A gente é fiscalizada dentro de casa e o Grande Big Brother têm a gente nas mãos. Pessoa a pessoa, individualizada.

   Educação educação educação. Investir na criticidade, no questionamento, não aceitar nada de cara, mas refletir sobre, se é bom e saudável para gente. Pelo menos a experiência está sendo instrutiva para que o usuário se ponha como dono do próprio corpo e mente (isso não é específico para mulheres). E exija das empresas de tecnologia, transparência no uso dos dados pessoais, que afinal de contas, pertence unicamente à própria pessoa. 

   A gente não quer ser produto. A gente é pessoa!   

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