quinta-feira, 10 de maio de 2018

REAL A QUALQUER ENVELHECER


   "...mais seguro do que a relação com os pais, que vemos partirem, cedo demais, para a velhice e a morte..."

   leio no conto de Arthur Schnitzler (1862-1931), Fuga para a escuridão, pág 206, Contos de Amor e Morte, Companhia das Letras, 1996. Não consegui ainda caminhar na leitura. Dentre afazeres, o trecho ficou marcado na mente. Comentei com filha de como a frase é verdadeira ainda no século XXI, por mais que o envelhecimento seja retardado, a gente sente as transformações da idade.

   Pensei comigo que iria rebater, que era pessimismo e exagero de minha parte. Mas não, começou a dizer como percebe que está perdendo os pais para a velhice... cada dia esquecidos do que já contaram, perguntas que se repetem, falhas no ato da linguagem, não lembram nome de ciclano, fulano, disso, daquilo etc etc etc. 

   E continuou... de repente ... ficaram velhos. 

   Que podia fazer. Concordei ipsis litteris. Disse que é o que acontece quando se está vivo, passando dos sessenta, por mais que aparência seja saudável, a pessoa seja dinâmica, sem problemas sérios de saúde... alguma coisa acontece que gira a roda e ela se torna insegura das verdades.

   Pois é, quem não passa por isso já morreu, se vivo está e diz que não, olhar entre quatro paredes... estampado e transparente.

   Levanto da mesa e digo: aos projetos, afinal ainda dá para viajar, ler, dançar, escrever, rir muito ... 

   Sem preconceito desse estágio! Olho no espelho e gosto!

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