24/09/2019
O ônibus chegou. Pediu educadamente para
sentar ao que o homem completou “bem-vinda”. Com sorriso nos lábios ela demonstrou
curiosidade:
― O senhor é muito gentil.
― Cordialidade é sinal de respeito.
― Esse hábito parece caindo por
terra. O povo anda perdido.
― Tempos complicados. Mas dou um
jeito, me distraio vindo por essas bandas. Todo dia vou no alto da Serra.
― Tem uma vista da cidade
belo-horizontina muito atraente, ― Cândida respondeu.
― Olha que moro do outro lado da
cidade. Como é seu nome?
A mulher respondeu amável. Gostava
de bate-papo no trajeto para casa. O velho, cabelos grisalhos em grande
volume, postura aberta em meio ao caos urbano.
― Pois é, Cândida, gosto de
conversar. Mas não é para ver a paisagem, não!
― Eu também curto um bom papo.
― Encontro passageiros interessantes
no trajeto de ônibus.
― A maioria das pessoas não aproveita os
instantes.
― A desconfiança tomou conta.
― As pessoas estão solitárias e o
tempo todo no celular.
― Nos meus oitenta e dois anos,
concluí, tenho que aproveitar o encontro.
― Gostei muito de falar com você!
― Também, Cândida!
― Meu ponto está próximo.
― Quem sabe nos veremos.
― Mas não disse por que vem ao alto da
Serra?
― Vou comprar erva. Gosto de fumar uma
maconha. ― Falou baixinho.
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