domingo, 16 de dezembro de 2012

SEGUIR LIVRES NA VIDA

   
   Hoje assisti a um filme que leva a longas reflexões sobre a relação entre pais e filhos e as marcas (sequelas) que deixam em alguns, enquanto outros passam ilesos. As diferenças são tão grandes de uma personalidade para outra, que essa unicidade chega a ser surpreendente. Cada filho carrega sua história pela vida, com sentimentos, rancores, ódios guardados, questionamentos vindos da infância que ainda buscam respostas.

   Quando chegamos à fase adulta compreendemos que os pais fizeram o que foi possível fazer, dentro de suas possibilidades e leitura de mundo, e aí, a partir dessa reflexão podemos seguir livres para construir a vida. Não é fácil, este arraigamento é profundo.  Como filhos construímos heróis, projetamos desejos, semelhanças / diferenças com relação aos pais.

   Eu achei o filme A Árvore da Vida, de 2011, com Sean Penn, Brad Pitt etc muito difícil de seguir assistindo até o fim. Complexo nas entradas de cenas, exige muito do espectador. As imagens são belíssimas, instigantes, deixam a imaginação caminhar entre lento e rápido no raciocínio, mas tem hora que parece estar em câmara lenta e o senti um pouco tedioso. Mas, o conteúdo me fez chegar às reflexões acima.

   O Brad Pitt faz o papel de pai rígido, enérgico, ditador e que detém o poder com autoritarismo, lá pela época dos anos 50. Raramente dá conta de expressar o afeto aos filhos (três); contido e contraditório, pois toca e inspira-se ao piano e com os filhos é de uma agressividade sem tamanho. Graças à mãe, que apesar de não contestar as ordens do pai; que consegue ser suave e contribuir para a construção dos caminhos de libertação dos filhos, pela leveza que revela a mulher em suas sutis atitudes frente ao poder.

   O filho mais velho (Sean Penn) leva para a vida adulta rancores que ainda não extravasaram. Na retrospectiva vivenciamos junto com ele a difícil arte de ser filho de alguém com tanta rigidez e severidade. 

   Eu lembrei da minha infância, pois tive pais enérgicos, das vivências de poder, tive uma mãe forte e lutadora (também com suas carências) que soube conduzir os filhos para o futuro. Mas em contraste, meu pai era enérgico sem deixar de ser doce. Nunca apanhamos sem motivo, que eu me lembre só apanhei uma única vez, porque ele teve que falar mais de três vezes. Por isso nunca apanhávamos, obedecíamos antes de inteirar três vezes. Minha mãe é que era uma fera, só um olhar dela bastava.

   Hoje compreendo que fizeram o que foi possível fazer pela história de vida que tiveram. Aprendi a respeitar os limites, que todos temos, inclusive nossos pais. Temos que seguir o caminho, se possível, sem mágoas, e eu não as tenho.

   Boa reflexão!   

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