segunda-feira, 25 de março de 2013

SER HUMANO!

   
   Ontem assisti ao filme A Hora da Estrela, baseado no livro de mesmo nome da escritora Clarice Lispector. O filme é de 1985, retratando a existência de uma moça pura, ingênua, que nada sabe da vida, além de seguir vivendo; é de Alagoas, está sozinha no mundo (tendo perdido todos os parentes). Não pensa no futuro, nem o sabe se existe; apenas vai na estreiteza da sua visão de mundo, na sua solidão, vivendo.

   Aproveitei e resolvi reler o livro da autora. O filme trouxe com muita proximidade a realidade que a escritora quis focar. A moça simples, nordestina, que vai para o Rio de Janeiro trabalhar como datilógrafa. E no seu vazio existencial, nada questiona, duvida, crê que tudo é assim, pois assim é desde que nasceu.

   As colocações da Clarice Lispector me reconduziram às questões de Tchekhov. Como quando diz "enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever."; "Que se há de fazer com a verdade de que todo mundo é um pouco triste e um pouco só."; "A vida é um soco no estômago."; ... Tal qual ele, ela encontra no escrever a forma de buscar o novo através da escrita, já que a rotina, o cotidiano, a cansa. 

   "Sou obrigado a procurar uma verdade que me ultrapassa.", diz através de seu narrador. "Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias."

   A angústia que o homem traz consigo, a sua insatisfação presente, encontra nas falas desses escritores o alívio em nós, leitores, que nos tranquilizamos ao saber que alguns nos entendem e assim prosseguir a vida.

   Eles buscaram ler a alma humana no mais fundo, sempre tão atuais e conhecedores de coisas sobre nós que jamais teríamos a coragem de mencionar. Por isso a leitura traz ao leitor toda a sofreguidão da literatura, que apesar de não ser verdade, é verdadeira! 

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