quarta-feira, 28 de maio de 2014

BEBA O BOM VINHO... LEITURAS!


A semana que passou foi deliciosa. Pratiquei muitos exercícios visando uma escrita melhor numa oficina do SESC. Conheci o escritor Sérgio Sant'Anna, seu filho André Sant'Anna dentre outros que participaram do 4º Festival do Conto em Florianópolis. Eis o resumo.

19/05 - Assisti a apresentação do escritor Sérgio Sant'Anna, no 4º Festival do Conto. Ele foi o homenageado do evento. Têm 17 livros, muitos prêmios e 2 adaptações para o cinema. Sua prosa experimental e transgressiva é inspiração para diversas gerações de escritores e leitores.

Foi muito legal ouvi-lo nas suas experimentações. Prefere a palavra Narrativa a conto. Segundo ele, na narrativa vale tudo. É mais abrangente. Ele contou que morou em BH e participou da Revista Estória, acho que nos anos 60 e escreveu muitos contos visitando museus. Admirava um quadro e surgia o conto. Fez muitos assim. Citou artistas do passado que gosta: Marcel Duchamp, André Breton e o atual, o brasileiro João Gilberto Nohl que julga excelente. Deu o exemplo do texto que Picasso escreveu e que a Simone de Beauvoir e Sartre representaram no próprio apartamento deles. Um texto completamente non sense, nenhum diálogo tem a ver com o outro, completamente dadaísta.

20/05 - As Breves Mitologias sobre o Conto - Com os escritores Altair Martins(RS), Rafael Gallo (SP), Sérgio Medeiros (SC) e Péricles Prade(SC), com mediação de Katherine Funke.
Uma conversa franca sobre a mitologia que cerca os processos criativos do conto.

O escritor Sérgio Medeiros revelou como é seu processo de escrever: escreve todo dia; gosta de misturar gêneros; reutilizar muitas vezes algo que já usou e repensar outras opções. Considera que conto mais a poesia = um alimenta o outro. Gostei muito de suas explicações. Escreve para o público infanto-juvenil e suas referências são as indígenas. Falou com muito entusiasmo pelo tema. Citou Dalton Trevisan como um dos escritores que lhe agrada e que têm várias experiências com a linguagem. Sugeriu o livro do Flaubert - As tentações de Saint Antoine; A casa de Usher do Edgar Alan Poe; Rimbaud, o poema Uma Estação no Inferno.

O jovem escritor Rafael Gallo apresentou dica para escrever contos: o importante é levar a sério, procurando melhorar sempre, sendo exigente consigo mesmo.

O Altair Martins tem livro publicado, ganhou prêmios, e contou da dificuldade que é editar no Brasil. Gostei muito da fala dele. Fez doutorado na área da escrita. Sugeriu o livro Poética do Conto, de Charles Kiefer.

Dia 21/05- Pico na Veia – Com Daniel Pellizari (RS), André Sant’Anna(SP), Paulo Sandrini (PR) e Fábio Brüggemann (SC). Mediação de Demétrio Panarotto. Quatro dos mais inventivos contistas brasileiros fervilhando ao redor da máxima de Dalton Trevisan “um bom conto é pico certeiro na veia”.

Eu imaginei que a conversa iria girar no registro do desejo, da ânsia da escrita, o não dar conta de parar e ir escrevendo desenfreadamente. Contraditório às minhas expectativas, os autores descreveram uma rotina calcada em métodos, necessidades, a escrita como encomenda. Ao término do encontro ficou claro para mim que o desejo perpassa todo o processo, nem sendo necessário ao escritor sua menção, está ali, latente, para que a imaginação crie asas. Discursaram sobre personagens, o colocar-se no lugar dos personagens, o não se preocupar muito com o enredo e sim com o que vem a seguir. Na essência o encontro tratou de: para um bom conto é necessário concisão, efeito imediato / de impacto, tem matemática, tem música...

Daniel Pellizari colocou sobre o autor Karl Knausgard –autor de A Morte do Pai e Um Outro Amor. Pesquisei sobre este autor na internet e fiquei em dúvida se ele ainda escreve...pois no artigo ele relatava sua catarse final ao escrever sua biografia. E logo a seguir todos falaram de seus livros de contos e romances.

22/05 – Solidão na ponta da vírgula, com Fernando Bonassi (SP), Sérgio Fantini (MG), Luiz Roberto Guedes (SP) e André Timm (SC). Mediação de Demétrio Panarotto.
O ato solitário da escrita, a vírgula como uma faca que espreita a solidão dos personagens.

O Sérgio Fantini é escritor mineiro e também realiza oficinas. Falou dos seus livros: A ponto de explodir, Novella, Silas e o infantil A baleia Conceição. Exemplificou que sempre tem a imagem de escritor como dono de ferro velho... vai coletando pela vida o que vê, observa, sabe, lê... as coisas estão aí para serem vistas. Desafios o tempo inteiro. Tentar ousar. E trabalhar muito, pois a inspiração vai ficar melhor se você estiver trabalhando.

O André Timm de seu livro Insônia. É jovem escritor e preza muito as dicas dos experientes.

Gostei muito do Luiz Roberto Guedes. Para ele é necessário ficar sozinho para a criação. Arte é controle e você  no comando. Exemplificou Balzac. Citou seu livro mais recente: Alguém para amar no fim de semana. Comentou sobre o que Borges disse sobre os temas tratados por escritores: os escritores têm três ou quatro assuntos para tratar que são sua obsessão. 

23/05 - Contofantasma - Com Márcia Denser (SP), Noemi Jaffe (SP), Cíntia Moscovitch (RS) e Luísa Geisler (RS- tem 19 anos) - mediação de Katherine Funke.
O olhar afiado de quatro narradoras sobre suas próprias produções, num clássico encontro de gerações e estilos.

Falaram sobre o escritor William Faullkner (1897 - 1962). E das oficinas com Assis Brasil por muitos anos. Seus contistas preferidos: Lídia Daves; Córtazar; Machado de Assis; Rubem Fonseca; Sérgio Faraco; Salinger; André de Leônidas; Alice Monroe...

E ainda tivemos nos dias 24 e 25 a oficina literária com o Sérgio Fantini que foi bem legal. Leitura de texto produzido pelo participante com dicas dos colegas quanto a melhoria no texto, elogios  e complementações, mudanças no desenrolar, no título etc... uma contribuição para levar o texto ao aprimoramento. E o mediador pontuando no final. Adorei a experiência!

Espero que tenham gostado do resumo que compartilho com vocês. Acabou que comprei alguns livros e  eis o motivo do meu sumiço... leituras e mais leituras...

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