segunda-feira, 19 de maio de 2014

MÃE COMO RELÍQUIA!

   

   Eu estou aqui lendo sobre Bashô no livro Vida do Paulo Leminski. E numa das poesias de Haikai de Bashô sobre as mães, pág. 88


"velho lar
eu chorando sobre
o cordão umbilical"

   Onde, segundo Leminski, Bashô expõe a doce amargura naquele Haikai "sobre este cordão umbilical, que, um dia, o ligou a um ventre feminino, Bashô chora...".

   A leitura me faz relembrar, ou melhor, me traz a lembrança de minha mãe. Eu também que me instituo mãe na lembrança dos meus filhos - Teria eu feito o suficiente para passar-lhes o calor do afeto que Leminski diz estar presente nos poemas?

   Outra coisa que me veio a memória é como as emoções se traduzem de forma muito mais intensa quando se está envelhecendo. E essa constatação de uma expressividade, até mesmo exagerada, chega, às vezes, a surpreender negativamente, mostrando que estamos indefesos em situações que antes a gente tinha domínio. Ah! O envelhecimento!

   A gente vai lendo e a leitura vai suscitando tantas questões... Leminski,  Bashô tornam meu dia glorioso!

   Matsuó Bashô (bashô em japonês significa "bananeira". Bashô achava que era a planta mais bonita). 1644 - 1694 - E Leminski ainda comenta que para se saborear a doce amargura do haikai acima é preciso saber que para os japoneses de antigamente  o cordão umbilical dos bebês era guardado como relíquia.

   Lembrança de mãe sempre traz doces carícias!

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