Eu estou aqui lendo sobre Bashô no livro Vida do Paulo Leminski. E numa das poesias de Haikai de Bashô sobre as mães, pág. 88
"velho lar
eu chorando sobre
o cordão umbilical"
Onde, segundo Leminski, Bashô expõe a doce amargura naquele Haikai "sobre este cordão umbilical, que, um dia, o ligou a um ventre feminino, Bashô chora...".
A leitura me faz relembrar, ou melhor, me traz a lembrança de minha mãe. Eu também que me instituo mãe na lembrança dos meus filhos - Teria eu feito o suficiente para passar-lhes o calor do afeto que Leminski diz estar presente nos poemas?
Outra coisa que me veio a memória é como as emoções se traduzem de forma muito mais intensa quando se está envelhecendo. E essa constatação de uma expressividade, até mesmo exagerada, chega, às vezes, a surpreender negativamente, mostrando que estamos indefesos em situações que antes a gente tinha domínio. Ah! O envelhecimento!
A gente vai lendo e a leitura vai suscitando tantas questões... Leminski, Bashô tornam meu dia glorioso!
Matsuó Bashô (bashô em japonês significa "bananeira". Bashô achava que era a planta mais bonita). 1644 - 1694 - E Leminski ainda comenta que para se saborear a doce amargura do haikai acima é preciso saber que para os japoneses de antigamente o cordão umbilical dos bebês era guardado como relíquia.
Lembrança de mãe sempre traz doces carícias!
Lembrança de mãe sempre traz doces carícias!
Nenhum comentário:
Postar um comentário