domingo, 22 de junho de 2014

CADA UM LAVANDO AS SUAS MÃOS

   

   Eu ontem vi um filme bem legal na Mostra de Cinema Internacional na TV Cultura, o filme cujo título foi traduzido para o Brasil para Estranhos Normais, Happy Family, do diretor italiano Gabriele Salvatores, lançado em 2011, é uma comédia divertida em que se misturam os personagens do texto e o próprio escritor, que se vê envolvido naquele ambiente da história sem conseguir escapulir à situação, passando a vivenciar as cenas junto com os personagens - faz parte do elenco ao mesmo tempo em que escreve. Muito legal a estratégia, gostosa de assistir, valeu a pena!

   Largando de cena a questão comédia pode-se também tirar ótimas reflexões sobre os relacionamentos. O escritor por exemplo, prefere a solidão para ter tempo para escrever... "para escrever é preciso ter tempo e estar solitário", diz. No decorrer da história mostra-se sem jeito para os envolvimentos amorosos, receoso e inseguro em ter um relacionamento duradouro.

   Outro exemplo interessante é o do casal que o marido está com dias de vida contados devido diagnóstico de doença terminal, mas que não fala com a família sobre o assunto, preferindo o segredo. Toda a situação deixa o marido desorientado e pouco disponível para a esposa, estando os dois há mais de quatro meses sem fazer sexo. 

   Quando o foco da cena é a mulher, para dar sua opinião, ela aguarda uma fala do marido para entender o que está acontecendo, e especifica que está gostando da situação e se acostumando a. Cópia fiel do que vemos muitas vezes na vida real: a dificuldade do diálogo no relacionamento a dois.

   Sempre um achando que o outro tem algo a dizer e esse outro achando o mesmo, aquele chove-não-molha que conhecemos bem (quem passou por um casamento sabe bem o que quer dizer!).... Eu penso que o outro pensa, que eu penso, que ele pensa, que eu penso... por aí afora.

   Além dessa questão, o marido não relaxa, só pensa de forma rígida no trabalho e em fazer mais dinheiro. Não teve tempo de aproveitar a vida, de olhar para fora e ver novas paisagens, se permitir a. Até que resolve viajar com o ex-sogro do filho. E durante o trajeto morre.

   Claro que têm versões no filme direcionadas a outros personagens, mas as citadas foram as que mais me agradaram. Tem a moça que se acha sem graça por não ter bom cheiro, mas o escritor se interessa por ela  e em contrapartida acha que ela tem um perfume maravilhoso... visões distorcidas são o tema. Tem o rapaz com tendência homossexual, mas ainda latente, querendo se casar com uma moça que lhe diz "não" quando da oficialização do noivado, já interessada noutro sujeito. Uma confusão!

   Uma turma completamente neurotizada que vira e mexe a gente vê no dia a dia. Experimenta assistir e veja se não estou com a razão...

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