domingo, 15 de junho de 2014

SUAVE OUTONO NUM HAIKAI DE BASHÔ

   
Canasvieiras, Florianópolis

   Pleno domingo e apenas o que se escuta em casa é futebol na televisão. De manhã, de tarde, de noite, credo. Oh povo fanático. Conversa, gritos, só, só futebol, times, bola...Risadas, assobios, reunião de aficionados. Não tem jeito, quando a competição é saudável, do esporte em si mesmo, não tem como não se contagiar. E assim está em casa e suponho onde tenha homens em casa isso é seguro estar acontecendo.

   Parece que todos os outros assuntos foram colocados em suspenso por... até o fim da copa do mundo? Os jornais, escritos e na telinha, só reportagens sobre o evento. O que vale mesmo é o congraçamento do belo espetáculo de balé masculino (feminino também!) mais conhecido e praticado no mundo: o futebol arte. A arte do futebol. Também, não há nada de interessante para se ver no aspecto política... só jogos... mas não os artísticos como do futebol. Aqueles são pobres jogos, deprimentes arremedos da arte política, infelizmente, nem tudo é arte no país do futebol-arte.

   O domingo em si está chamando mesmo para a atividade de ficar quietinho na frente da tele porque o tempo tá de um nublado desanimante para se por o pé fora de casa. Ruas paradas, pouco movimento.

   Só mesmo haikais de Bashô para alegrar e suavizar a fase outonal:


"este outono
como o tempo passa!
nas nuvens
             pássaros"

"esta estrada
lá vai ninguém
outono
tarde"

   E já fugindo para o inverno que nos espreita, Leminski (Vida, pag. 115 a 125) relata a poesia de Bashô:
"do orvalho
nunca esqueça
o branco gosto solitário"

   A poesia salvando a tarde em nubladas decisões...  

Nenhum comentário:

Postar um comentário