sábado, 7 de junho de 2014

FELI (C=Z) IDADE!

  

    Recortei o texto da escritora Martha Medeiros que saiu no jornal Diário Catarinense, 25/05, pag. 22, seção Donna, com o título Quanta felicidade eu aguento? Esperava ter alguma inspiração para escrever e guardar para reflexão sempre que consultasse a agenda.

   No texto ela conta que uma pessoa despediu-se dela com a frase "Te desejo toda a felicidade que aguentar." Isso a deixou encafifada com o significado que a pessoa quis dar ao desejo. Aí ela começa a descrever diversas questões que possam significar felicidade, infelicidade, até finalizar mostrando que a felicidade pode estar em diversas situações , nas coisas mais simples e que nada que possa fazê-la feliz, ela vai rejeitar enquanto viver.

   Sempre vejo a felicidade como algo inatingível... sabe aquela felicidade idealizada dos contos de fada de a pessoa ser feliz para sempre. Uma palavra que de tanto ser usada caiu na mesmice de seu significado. A felicidade como uma palavra grandiosa que habita o mundo do faz de conta. 

   Meu lado mais consistente, pé no chão, apela para os "bons momentos" entremeados de muito riso e alegria que me traz o poema de Jorge Luis Borges, que já mencionei numa postagem. Porque parece uma escalada quase impossível pensar a felicidade em sua totalidade.

   Sei que radicalizo às vezes ao querer que uma palavra - felicidade - abarque o conceito que quero dar a ela. Todos fazemos isso, não é mesmo? Milhões de pessoas em busca da felicidade totalizante, sem dores, sem perdas, fora da realidade circundante e insatisfeitas com o que possuem. 

   Noutro dia vejo o site do Carpinejar.blogspot.com.br e me deparo com a fala dele de que felicidade é não ter nada para fazer bem feito. Refere-se a simplicidade de se estar no ócio, mas aquele ócio valer a pena, o que justifica o "fazer bem feito" , da instância do cotidiano em nossa vida, do dia a dia.

   Aí chego a conclusão que se pode usar a palavra felicidade para abarcar toda e qualquer "horinha", como diz Guimarães Rosa “têm horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data", qualquer coisa que deixe transparecer o sorriso, a tranquilidade sem ansiedade e tensão, a leveza, o simples acordar para viver o outro dia, e todos os pareceres dos poetas citados. 

   Penso logo na construção da vida, no existir e as possibilidades que se abrem a cada dia para se reinventar a vida, outro poeta surge em meus pensamentos, Ferreira Gullar. Dar valor a vida na sua cotidianidade (eu adoro essa palavra!) e ir carregando os tijolos e  levantando as paredes, até que termine a casa... ou não.

   Que palavrinha complexa essa tal de felicidade, hein!

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