domingo, 1 de setembro de 2013

BISBILHOTANDO OS PORÕES DA INFÂNCIA

   
Olha eu fazendo o mesmo que na barroca dos tempos de criança!

   Ruy Castro, no seu texto "A alta cultura invadiu o seu passado", págs 36-37 da Revista Florense, 2012 (acho! esqueci de anotar), está revisitando o seu passado, nos idos de 1966, na literatura que naquele tempo era considerada com pouco caso: Mandrake, Tarzan, Almanaque do Pernalonga, dentre outros, hoje relíquias com preços expressivos.

   Aí me deu uma vontade de bisbilhotar as empoeiradas prateleiras de minha memória: o que eu estaria fazendo em 66?...

   Estou aqui a fazer as contas, eu estou com 10 anos então. Já cursando o quarto ano primário. Nesta época eu, uma aluna medrosa, tímida, que se sentava na última cadeira da sala. Lembro-me da minha professora, Dª Natália, Grupo Sandoval de Azevedo, que agradeço a paciência e a compreensão das minhas limitações, ela me ajudou a vencer etapas da Geografia, que me pareciam intransponíveis na hora da avaliação, onde o conhecimento se perdia.

   Também me lembro de um grupo de meninas que um dia disseram que iam me pegar na saída da escola. Eu muito apavorada, saí correndo e fui me esconder num lote vago e cheio de mato bem ao lado da escola. Fiquei por lá até certo tempo que considerei seguro e o outro dia transcorreu normal, sem sobressaltos.

   Quanto às leituras de revistas em quadrinhos, adorei ler o artigo do Ruy Castro, pois me lembrei da infância, com todas aquelas revistas mencionadas por ele. Eu era fã do Mandrake, achava-o elegante em seu traje de mágico; do Fantasma com seu uniforme de herói. Na nossa casa os livros eram escassos devido a falta de dinheiro, mas revistas em quadrinho eram acessíveis aos trocados ganhos dos padrinhos. Minha mãe se esforçava, apesar da pouca condição, fez questão de adquirir a coleção BARSA, que continha todas as áreas do conhecimento.

   Também veio claro que em época das férias de meio do ano, a professora de Português (antiga Língua Pátria) passava tarefas para as férias: todo dia tinha que fazer uma redação contando como foi o dia... isso durante os trinta dias de férias... Eu detestava a obrigação, mas hoje vejo que foi muito salutar a produção desses textos, o que abria caminho para a imaginação. 

   Das travessuras também me lembrei da "barroca", que era como chamávamos um buraco fundo (penso que mais ou menos uns 15 a 20 metros de fundura que existia em um lote na Rua Professor Raimundo Nonato (hoje tem um prédio), no Bairro Santa Tereza, onde os construtores jogavam terra, restos de construção. Lá era muito perigoso, pois se achava também cacos de vidro. Mas a criançada nada se importava e pulávamos lá de cima num salto único até embaixo, apostando quem pulava mais longe... Tempo bom de travessuras e sem maldades!

   E foi numa dessas brincadeiras lá na barroca que meu irmão recebeu uma pedrada de bodoque bem na testa. Chegou em casa todo ensanguentado e, minha mãe, com o susto, acabou desmaiando. Recuperada, levou-o ao Pronto Socorro onde recebeu mais de nove pontos. Que susto levamos nesse dia e nunca descobrimos o autor da trapalhada.

   Agradeço ao Ruy Castro por ter me ajudado a juntar os cacos que estavam soltos nos porões do esquecimento. O que você estava fazendo nesta época? Anime-se e recorde os bons tempos! 

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