segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O LÍRICO E O ÉPICO DE PABLO NERUDA


  A outra novidade... Terminei a leitura de outro livro de Pablo Neruda "A BARCAROLA", L&PM, 2011, onde o escritor reúne em mesmo universo o poético, o lírico e o épico. Anotei as falas poéticas que mais me marcaram, todas de um lirismo que toca a alma dos amantes:


"... sentindo que eu não podia cantar sem a tua boca..." ;

"... nos reconhecemos ferindo-nos com dentes e beijos e espadas."

"... então ao fundo de ti e ao fundo de mim descobrimos que estávamos cegos
dentro dum poço que ardia com nossas trevas."

"... e ali nosso amor foi a torre invisível que treme na fumaça..."

"... e depois no mel oceânico navega a estátua de proa, nua,
 enlaçada pelo incitante ciclone masculino."

"... por isso ao beijar-te, amor meu, e apertar com meus lábios tua boca,
em tua boca me deste a sombra e a música do barro terrestre."

"Porque, bem amada, é o homem que canta o que morre
morrendo sem morte..."

"... ali onde minha alma parece uma pobre guitarra que chora..."

"... te amei sem porquê, sem de onde, te amei sem olhar, sem medida..."

"... tua voz derramando doçura selvagem como uma cascata,
tua boca que amou a pressão dos meus beijos tardios,
foi como se o dia e a noite cortassem seu nó mostrando
entreaberta
a porta que une e separa a luz da sombra
e pela abertura assomasse o distante domínio
que o homem buscava furando  a pedra, a sombra, o vazio."

" talvez esqueçamos tecendo no sonho a continuidade do silêncio..."

"... deixa-me confundir-me contigo no vento e no pranto..."

"...amor meu, cereja, guitarra da primavera,
que doce teu colo desviando as flechas do padecimento..."

"Eu sou, companheira, o errante poeta que canta a festa do mundo,
o pão na mesa, a escola florida, a honra do mel, o som do vento silvestre,
celebro em meu canto a casa do homem  e sua esposa, desejo
a felicidade crepitante no centro de todas as vidas
e tudo que acontece recolho como um sino e devolvo à vida
o grito e o canto dos campanários da primavera.

Às vezes perdoa se a badalada que cai de minha alma noturna
golpeia com mãos de sombra as portas do dia amarelo,
mas nos sinos há tempo e há canto selado que espera
soltar suas pombas
para soltar a alegria como um leque mundial e sonoro.

Sinos de ontem e amanhã, profundas corolas do sonho do homem,
sinos da tempestade e do fogo, sinos do ódio e da guerra,
sinos do trigo e das reuniões rurais à beira do rio,
sinos nupciais, sinos de paz na terra,
choremos sinos, bailemos sinos
cantemos sinos pela eternidade do amor, pelo sol e a lua
e o mar e a terra e o homem."

"Quanto tu fazemos, quando eu fazemos a viagem do amor,
amor, Matilde, o mar ou tua boca redonda
são, somos a hora que desprendeu o então,
e cada dia corre buscando aniversário."

"... ou seguir no sonho alcançando a outra margem do mar 
que não tem outra margem."

      Não consegui parar de apreciar a poesia dos versos de Pablo Neruda... Vale a leitura, por Deus que vale!!!


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