terça-feira, 27 de agosto de 2013

REALIDADE QUE ME FAZ LEMBRAR ALGUÉM...

  
    Estava lendo na Revista Florense nº 36, verão de 2012, nas pág. 12-17, o texto sobre o escritor Rubem Braga que me capturou em seus trechos, principalmente pelas citações do escritor, vindas de suas crônicas que tão apropriadamente falam  de nós, seres existenciais complexos como:


"Cada um de nós tem, na memória da vida que vai sobrando, seu caminhão de lixo, que só um dia despejaremos na escuridão da morte. Grande parte do que vamos coletando pelas ruas  tão desiguais da existência é apenas lixo; dentro dele é que levamos a joia de uma palavra preciosa, o diamante de um gesto puro." (O Motorista de 8-100, março de 1949)

"Cada um de nós, quando criança, tem dentro da alma seu sino de ouro, que, depois, por nossa culpa e miséria e pecado e corrupção, vai virando ferro e chumbo, vai virando pedra e terra, e lama e podridão." (O Sino de Ouro, março de 1951)

"Eu poderia mudar de cidade, mas afinal eu não mudo de pessoa; tenho de carregar esta minha pessoa, com seus cabelos, seus pés, joelhos, cotovelos, suas longas memórias." (O Sono, abril de 1952)

"Fala-se muito em mistério poético; e não faltam poetas modernos que procurem esse mistério, enunciando coisas obscuras, o que dá margem a muito equívoco e muita bobagem. Se na verdade existe muita poesia e muita carga de emoção em certos versos sem um sentido claro, isso não quer dizer que, turvando um pouco as águas, elas fiquem mais profundas." (O Mistério da Poesia, fev de 1949)

   O escritor das deliciosas crônicas escritas sem os rebuscamentos desnecessários, contam da realidade inscrita na vida de cada um e que nos fazem deliciar com a verdade que também é dos leitores. Achei interessante conhecer um pouco mais do tipo característico do escritor: carrancudo, mau humorado, estilo desengonçado, matuto, que adorava o mar e o sol, que resmungava mais do que falava, reservado e que se mostrava apenas após certa convivência. Engraçado... Me fez lembrar alguém...

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