sábado, 3 de dezembro de 2011

PENSAMENTO SOBRE O TEMPO

   Demorei a fazer nova postagem, heim! É que estava com compromissos e sem tempo... Estranho falar assim, não é? Ainda mais que tenho todo o tempo do mundo; claro, é só uma possibilidade complexa de vislumbrar o tempo.

   Na realidade a coisa não se dá assim de forma tão fácil. O tempo é SUI GENERIS. Tem diversos significados. Depende da postura de quem emite a consideração a favor ou contra. Escrevi nas minhas anotações de 30/09/2009: "ao chegar à minha aula de dança e enquanto esperava minha 1/2 hora, fiquei a folhear uma Revista Cláudia, out/2008, pags. 66 a 71 e o tema 'TEMPO" estava lá inscrito para breves reflexões. Gostei muito do artigo, pois apresentou diversas formas de ver e sentir o tempo... Poeticamente falando (traz Carlos Drumond de Andrade, Caetano Veloso, Einstein, Vinicius de Moraes, Clarice Lispector), dentre outros que agora não me recordo o nome... Provavelmente sintomas do meu envelhecer... Esquecimento tácito e paulatino ao qual vou me acostumando... Ainda bem que publicado aqui posso também retornar a leitura e lembrar-me sempre. Eis algumas definições lindas para uma reflexão sobre o tempo:


"Para que tanta pressa e tanto receio? O futuro sempre nos chega a uma velocidade de 60 minutos por hora." Albert Einstein;

"Não tenha pressa. Mas não perca tempo." José Saramago;

"Dizem que o tempo muda as coisas, mas na verdade, é você mesmo que tem de mudá-las." Andy Warhol;

" O tempo é apenas o ponto de vista do relógio." Mário Quintana;

"Não há guarda-chuva contra o tempo, rio fluindo sob a casa, correnteza carregando os dias, os cabelos." João Cabral de Melo Neto;

"Tempo é um jeito de a natureza garantir que todas as coisas não aconteçam de uma só vez." Woody Allen;

"Talvez fosse melhor dizer que os tempos são: o presente do passado; o presente do presente; o presente do futuro. E eles estão na alma; não os vejo alhures. O presente do passado é a memória, o presente do presente é a percepção. O presente do futuro é a expectativa." Santo Agostinho;

"Eu já estive em um calendário, mas sempre estou atrasada." Marilyn Monroe;

"O tempo fluindo: passos/ de borracha no tapete,/ lamber de língua de cão/ na face (...)" Carlos Drumond de Andrade;

"A melhor coisa sobre o futuro é que ele acontece apenas uma vez." Abraham Lincoln;

"Meu tempo é quando." Vinicius de Moraes;

"Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era para sempre, sem saber que o pra sempre sempre acaba?" Renato Russo;

"Compositor de destinos/ tambor de todos os  ritmos (...)/Por seres tão inventivo/ E pareceres contínuo (...)/ És um dos deuses mais lindos/ Tempo tempo tempo Tempo" Caetano Veloso;

"Cada coisa tem um instante em que ela é. Quero apossar-me do é da coisa. Esses instantes que decorrem no ar que respiro (...) Quero possuir os átomos do tempo." Clarice Lispector. 


   Também na mesma revista, gostei do artigo "A Alma do Tempo", entrevista feita com o psicanalista junguiano, Roberto Gambini, autor do livro A Voz e o Tempo. Inclusive por causa da leitura é que busquei o livro pra comprar. Eis o que me marcou e trechos:

"Cláudia -  O tempo é o principal maestro da vida?
Roberto Gambini - Ele modifica nossa voz, entendida como a nossa expressão no mundo. Há pessoas, porém, que endurecem com o passar dos anos e não mudam mais. Para que o tempo transforme é preciso deixá-lo agir sobre você.

Cláudia - Foi assim no seu caso?
Roberto Gambini - A passagem do tempo me fez entoar a mesma canção, a minha canção, de modo diferente... Então surgiu uma visão mais profunda e corajosa. Eu tinha menos ilusão e mais precisão. Quem fez isso? O tempo. Ele me impulsionou a jogar fora algumas coisas, fez nascer outras.

Cláudia - Esse tempo tem uma qualidade diferente?
Robeto Gambini - Sim, é um tempo de conexão. Não é um período em que fiquei de braços cruzados. Descobri que a raiz da palavra ofício, que uso para definir minha profissão, é ophicium, termo agrícola para cuidar da terra. O tempo de conexão é isso: cultivar o que quero que germine. Meu livro é a resposta para perguntas que fiz a mim mesmo: como foram esses 30 anos como terapeuta? O que é a cura? Quais são as promessas de uma terapia? Só posso me basear naquilo que vivi e observei. Vi que o tempo trabalha sobre a árvore, e ela vira árvore. Eu quero ser como uma árvore.

Cláudia - A relação com a temporalidade depende das fases da vida?
Roberto Gambini - Sim. Na primeira fase da vida, corro junto com o tempo, não quero que ele me pegue. É como se eu fosse o primeiro da maratona: o tempo está no meu calcanhar e quero vencer a prova. Depois dos 40, 50 anos, devo deixar o tempo passar à minha frente. Não tenho mais medo dele e digo: "passa, tempo, passa, porque você me transforma e eu não fujo de você," Sei que meu tempo vai acabar um dia. Então, paro de correr dele e começo a contemplar as experiências acumuladas. Nessa fase, o grande objetivo é silenciar a mente para aguçar a percepção imediata. As mulheres que fazem isso envelhecem sem desespero e não dissimulam nada. Elas são íntegras, dizem a verdade e têm uma sabedoria estável diante da vida.

Cláudia - Há conflito permanente entre ação e contemplação?
Roberto Gambini - Sim, mas a obsessão pela ação é inútil se não houver uma conexão. É o caso de quem fica atrás de muita diversão, ou mesmo de religião, achando que está fazendo alguma coisa - pois a ação é supervalorizada hoje em dia. No entanto, essa questão também tem a ver com a idade. Não acho que quem tem 20 anos deve passar o dia contemplando, mas quem tem mais de 40, 50 ... Precisa encontrar tempo para ficar quieta, prestar atenção, olhar o que acontece em volta. Porque vivemos de uma maneira maluca, somos condicionados a nunca parar de acumular. Juntamos de tudo: dinheiro, experiência, conhecimento, sons, doenças, palavras, marcas, traumas... Chega uma hora em que temos que fazer a curva, começar a abrir mão, jogar fora o que não serve, dispensar. E também nos esvaziar de um monte de vozes, de discursos, de saberes. Isso serviu para nos trazer até aqui, mas é preciso se abrir para outras percepções, pois o acúmulo atrapalha. Eu observo minha pilha de coisas como se aquilo fosse a vida... mas a vida não é só isso. Ao nos darmos conta disso, mudamos a nossa inserção no tempo.

Cláudia - O motivo pelo qual se busca terapia mudou ao longo dos anos?
Roberto Gambini - Sim, as pessoas podem até chegar ao consultório pelas mesmas razões: perda, conflito familiar ou amoroso, mas isso está na superfície. Em uma camada mais profunda, o que mudou é que muitas esperanças do passado acabaram, porém o medo do futuro é enorme. Com os avanços tecnológicos, as pessoas agora têm a chance de viver mais e querem isso, e a pergunta atual é: como vou me virar neste mundo com tantas incertezas? Isso causa uma espécie de pânico rebaixado, que vem a ser um temor contido, do qual ninguém fala abertamente, mas que está sempre presente.

Cláudia - O que fazer?
Roberto Gambini - Lembrar quais são os valores fundamentais para a manutenção da vida, que é o nosso bem comum, supremo e finito. Lembrar que a transformação está nas pequenas ações, baseadas no amor, na tolerância, na paz, na ética. O que digo não tem nada de inovador, mas são esses valores que têm o poder de organizar o mundo confuso e criar novas posturas para enfrentar cada momento de incerteza.

Cláudia - A solidão é uma queixa típica do século 21?
Roberto Gambini - As pessoas sentem a necessidade de encontrar alguém que as conheça de verdade. Isso vem antes do desejo de ter companhia, de pertencer a um grupo, de ter parceiros para acasalar, até de serem amadas. Acho que a solidão é o estado de quem não tem ninguém que se interesse por conhecê-lo. O terapeuta , a cada sessão, faz isso, e nessa relação a pessoa, solitária ou não, também se conhece. Essa troca é de amor, que pode criticar e apontar falhas, mas não julga.
...
Cláudia - Quais são os desafios hoje?
Roberto Gambini  - Lidar com o tempo, ter prontidão para agir agora. Deixamos de viver o presente por estarmos apegados demais ao passado; sem permissão para renovar. Ou ocupados em projetar e acumular coisas para viver num futuro ilusório. Mas é preciso ser honesto hoje, porque as mudanças acontecem agora. Se quero fazer algo construtivo e amoroso, tem que ser já: esse é o antídoto para muitos sofrimentos.

..."
   
   Mas tais questões me levam ao questionamento "Porquê não posso descrever meu modo de ver e imaginar o tempo? neste instante me veio a mente o poema, meio estilo concreto (??) que saiu de repente, repentinamente:

"TEMPO

SEM TEMPO

COM TEMPO

TEMPERO

TEM TEMPO

EM TEMPO

CONTEMPLO

MEU TEMPO

TEMPESTUOSO TEMPO."

   Eh no fundo gostaria de ter uma definição do tempo, no caminhar maduro e integrado ao conhecimento existencial, vejo o tempo como oportunidade... Um fazer determinado, objetivo querido e construído a partir do querer ser!" A-D-O-R-E-I    minha conceituação e viva o tempo!

   Finalizando, repasso o pensamento de Aristóteles, filósofo grego, publicado no Jornal Gazeta do Povo/Paraná, em 28/11/11, que não deixa de mostrar o papel do tempo na vida das pessoas: 

"Considero mais valente aquele que vence seus desejos do que aquele que vence seus inimigos; pois a vitória mais difícil é a vitória sobre si mesmo."

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