quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

SER FALTANTE

   É... a tal da angústia sempre está a nos espreitar. Aquela dor no peito inexplicável; aquela insatisfação por algo que não sabemos ao certo expressar; aquele incômodo grande que, às vezes, temos de procurar ajuda especializada - psicólogo, para elaborarmos melhor o que nos sucumbe.


   Bom, sou suspeita ao falar sobre isso, mas com certeza, ela se torna mais suportável quando conhecemos a nós mesmos. Porque ela nunca vai deixar de ser uma companhia,  já que somos seres faltantes - e é essa falta que nos torna humanos. Podemos elaborá-la para que sejamos melhores pessoas e estejamos em paz interior e exterior.


   Escrevi certa vez uns poeminhas sobre tal incômodo, tal qual a via na maneira poética de dizer:


1) "MANHA DE ANGÚSTIA


Tento envolvê-la num invólucro
fechando todos os cantinhos
para que não haja espaço
dela fugir de mansinho.


Mas a danada é tinhosa
quer queira quer não
arrebenta   se faz mostrar
tem a força e nada se pode fazer.


Espreita  beira  faceira
ali está ela zombeteira
ri dos artifícios que faço
para me livrar do embaraço."


2) 
     "Feridas
     no canto exponho
     puro masoquismo
     do existir humano."


3) "DOR


Fui circuncidada por ela
desde que do ventre de minha mãe
escapuli (se é que é verdade,
pois com fórceps fui forçada)
ungida desde o nascimento.
Ei-la, a partir de então
marcada em mim pra sempre.


Humana e marcada
até que a morte nos separe.


Permiti sua presença constante
calada  aceitei  e fiz o que se
comprometeu - segui vivendo
corroída  sofrida, mas não concordante
lutava         luto         lutarei
mas com ela ninguém pode
só a morte é sua dissolução.


Marcada para sempre
até que a morte nos separe."


Com um pouco de graça a gente perde o medo e parte para o enfrentamento. Isso é que é vida... 


   





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