sábado, 3 de dezembro de 2011

REFLEXÕES SOBRE A VIDA

         
                 Algumas semanas como aposentada, me prometi que cada dia vivido será melhor que o anterior.

            Peguei o “computer” para descrever um filme nacional que vi dia 07/11/11 e não tinha tido tempo (???) pra registrar. O filme se chama “CHEGA DE SAUDADE”, de 2008, alguns dos atores são: Stepan Necessian, Maria Flor, Cássia Kiss, Beth Faria, Tônia Carrero, Leonardo Villar, Paulo Vilhena, Clarisse Abujamra, etc, dirigido por Laís Bodanski.

O filme retrata momentos de um grupo de terceira idade em um baile, onde todos estão lá com suas dores, seus desejos, suas limitações impostas pela idade, convivendo com os dilemas da vida, e bem ou mal, confidenciando com as pessoas ao redor (garçons, colegas de dança), buscando respostas às questões ainda sem respostas.

            Achei o filme lindo (quanta novidade, sempre que gosto de um filme, o considero lindo), muito triste e meio deprimente para mim que estou chegando aos sessenta e gosto de dançar. Aquele ambiente me mostrou traços superficiais e banais existentes numa casa de dança de terceira idade. Mas também mostrou muitas pessoas carentes de amor; outras mendigando carinho e atenção; reconhecimento como pessoa e decepção por ter que pagar por isso.

            A presença da acompanhante (Maria Flor) do DJ (Paulo Vilhena), muito jovem, aguça, atiça o desejo de um homem maduro (Stepan Necessian), que por um momento revive (ou tem a impressão de poder reviver seu tempo de auge) sensações da juventude.

            Também têm aqueles que estão ali apenas para se divertir. As mulheres me parecem ser as mais carentes (acho que tenho essa percepção porque nós expressamos mais os sentimentos) e numa casa de dança têm que aguardar serem convidadas para o salão, ou ficar ali na expectativa de um convite. Os aspectos passivo e submisso presentes; enquanto para os homens, naquele momento, com o poder de convidar quem for do desejo e agrado, mantêm o papel de poder, de decisão.

            Contei para minhas filhas sobre o filme, e como o aspecto da sujeição das pessoas me deprimiu e entristeceu. Ver aquelas pessoas com suas carências retratadas e no período em que estão mais fragilizadas, se sentindo feias, velhas, com rugas e carentes de afeto. Uma de minhas filhas respondeu com uma pergunta: “Isso não acontece em todas as fases da vida?” A verdade é que sempre somos seres carentes; sedentos de amor, carinho, afeto e em qualquer idade. Ali apenas retrata a vida como ela é, não importando a idade, pois com os jovens acontece a mesma coisa, o que muda é o tempo...

            Realmente é mais triste reconhecer tais lacunas quando se está na velhice... Na juventude as possibilidades estão a espreita e a energia poderosa. Como diz o poeta “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Adoro a frase e nunca vi algo mais verdadeiro.

            Ahá! Já ia me esquecendo de  uma das coisas mais interessantes. A cantora do filme é a Elza Soares. Magnífica, aquela voz rouca e vibrante, em nada mudou dos tempos em que fui assisti-la no Chico Mineiro. Continua divina sob o meu ponto de vista. Também adorei a Beth Faria, genial e veste muito bem a personagem. Clarisse Abujamra está excelente e traz misto de submissão e poder. Maria Flor, como sempre, meiga em sua juventude ingênua, e as atrizes Tônia Carrero e Cássia Kiss ampliam os leques de possibilidades na representação feminina. 

             Como já perceberam tenho mania de anotar as impressões sobre filmes que me afetam, que me angustiam, que me fazem parar e refletir sobre caminhos. O bom agora é que estou podendo publicá-las no blog.           

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